Como surgiram as máscaras de proteção
- Adenise Ribeiro
- 20 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Movida pela inquietude e curiosidade, mergulhei numa breve investigação sobre a história por trás das máscaras de proteção. Descobri um objeto fascinante.
O item que, infelizmente, se tornou parte obrigatória do vestuário, foi sendo aperfeiçoado ao longos de vários séculos e quase sempre esteve relacionado com o surgimento de doenças. A máscara de proteção, símbolo indiscutível da epidemia do covid-19, tem uma história marcada por erros e acertos, tendo sua evolução a partir dos conhecidos lenços.

Algumas pinturas renascentistas (1300–1600) já mostravam pessoas cobrindo o nariz com lenços. O curioso é que o objetivo era evitar os maus odores das ruas nada saneadas e das pessoas que também cheiravam mal, pois tomar banho não era um ritual frequente na época. Várias razões, mas nenhuma delas buscava prevenir doenças. Por volta de 1720, durante a peste negra, seu uso passou a ser um pouco mais “preventivo”. Na época, muitos acreditavam que doenças como a praga eram contraídas através de miasmas (emanações provenientes de substâncias orgânicas em decomposição) ou gases desconhecidos que emanavam do solo. Tragicamente, como sabemos hoje, a transmissão da peste se dava por pulgas de roedores e não pelo ar. A teoria baseada nos miasmas influenciou consideravelmente o design das máscaras, que passaram a ser rígidas, bem alongadas, como grandes bicos de aves e dois pequenos orifícios perto das narinas.

200 anos depois da praga, o médico francês Antoine Barthélemy Clot-Bey chegou a dizer que as “máscaras de pássaros” provavelmente também ajudaram no avanço da contaminação. Por serem apavorantes, as pessoas se assustavam e o corpo com medo se tornava mais vulnerável ao contágio. Desde aquele época já estava claro: um bom design faz toda a diferença. Em 1897, o cenário começou a mudar e as máscaras de proteção começaram a se parecer com as atuais. Utilizadas por médicos durante cirurgias, não eram pensadas para proteção de doenças transmitidas pelo ar e sim para impedir que os profissionais tossissem ou espirrassem no paciente durante o precedimento. Na verdade, até hoje as máscaras de centros cirúrgicos são usadas por essa razão. Foi só durante a grande praga da Manchúria (1910) que o equipamento cumpriu finalmente a função de prevenir doenças transmitidas pelo ar e a gripe espanhola (1918–1920), surgida nos Estados Unidos, terminou por popularizar o uso, indo além dos profissionais de saúde.
Máscara ou respirador?

Durante a duas Guerras Mundiais, as máscaras de gás com filtro de ar cumpriram o papel de proteção, principalmente, dos soldados nas frentes de batalha, vulneráveis aos ataques químicos. Entretanto, eram equipamentos grandes e nada confortáveis de usar. O conceito de portabilidade, conforto e confiança evoluiu e em 1972 a 3M, empresa americana de tecnologia, desenvolveu o primeiro respirador descartável do mundo: o N95. Diferente das máscaras tradicionais, o equipamento filtra o ar, retendo diversos agentes danosos em microscópicas camadas de fibra feitas de um plástico especial. Conforme o uso, o espaço vazio entre as fibras vai ficando obstruído com as partículas que estão no ar. Num dado momento, a respiração fica mais difícil e esse é um bom sinal para o usuário de que a validade do respirador está próxima do fim. A fabricante inclusive sugere que o uso contínuo não ultrapasse 8h.
Ao longo dos anos, outras epidemias foram surgindo aqui e ali e tais respiradores foram sendo utilizados em muitos locais, além de hospitais e indústrias, como em minas, em fábricas de calçado (onde os profissionais lidam com o substâncias tóxicas) e em cidades com altos níveis de poluição.
Só o tempo dirá se as máscaras de proteção se tornarão artigo permanente em nosso cotidiano (tomara que não!). Enquanto isso, continue a usar a sua. Além de proteger quem amamos e até quem nem conhecemos, estaremos vestindo um objeto cheio de história. ▶
Referências
fastcompany.com e epocanegocios.globo.com
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