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Como surgiram as máscaras de proteção

  • Foto do escritor: Adenise Ribeiro
    Adenise Ribeiro
  • 20 de mai. de 2020
  • 3 min de leitura

Movida pela inquietude e curiosidade, mergulhei numa breve investigação sobre a história por trás das máscaras de proteção. Descobri um objeto fascinante.


O item que, infelizmente, se tornou parte obrigatória do vestuário, foi sendo aperfeiçoado ao longos de vários séculos e quase sempre esteve relacionado com o surgimento de doenças. A máscara de proteção, símbolo indiscutível da epidemia do covid-19, tem uma história marcada por erros e acertos, tendo sua evolução a partir dos conhecidos lenços.

Eleonora di Toledo, 1562. Wiki Commons.
Eleonora di Toledo, 1562. Wiki Commons.

Algumas pinturas renascentistas (1300–1600) já mostravam pessoas cobrindo o nariz com lenços. O curioso é que o objetivo era evitar os maus odores das ruas nada saneadas e das pessoas que também cheiravam mal, pois tomar banho não era um ritual frequente na época. Várias razões, mas nenhuma delas buscava prevenir doenças. Por volta de 1720, durante a peste negra, seu uso passou a ser um pouco mais “preventivo”. Na época, muitos acreditavam que doenças como a praga eram contraídas através de miasmas (emanações provenientes de substâncias orgânicas em decomposição) ou gases desconhecidos que emanavam do solo. Tragicamente, como sabemos hoje, a transmissão da peste se dava por pulgas de roedores e não pelo ar. A teoria baseada nos miasmas influenciou consideravelmente o design das máscaras, que passaram a ser rígidas, bem alongadas, como grandes bicos de aves e dois pequenos orifícios perto das narinas.


Gravura em cobre do Dr. Schnabel, um especialista em peste negra. Séc. XXVII, Roma. Wiki Commons
Gravura em cobre do Dr. Schnabel, um especialista em peste negra. Séc. XXVII, Roma. Wiki Commons

200 anos depois da praga, o médico francês Antoine Barthélemy Clot-Bey chegou a dizer que as “máscaras de pássaros” provavelmente também ajudaram no avanço da contaminação. Por serem apavorantes, as pessoas se assustavam e o corpo com medo se tornava mais vulnerável ao contágio. Desde aquele época já estava claro: um bom design faz toda a diferença. Em 1897, o cenário começou a mudar e as máscaras de proteção começaram a se parecer com as atuais. Utilizadas por médicos durante cirurgias, não eram pensadas para proteção de doenças transmitidas pelo ar e sim para impedir que os profissionais tossissem ou espirrassem no paciente durante o precedimento. Na verdade, até hoje as máscaras de centros cirúrgicos são usadas por essa razão. Foi só durante a grande praga da Manchúria (1910) que o equipamento cumpriu finalmente a função de prevenir doenças transmitidas pelo ar e a gripe espanhola (1918–1920), surgida nos Estados Unidos, terminou por popularizar o uso, indo além dos profissionais de saúde.


Máscara ou respirador?


3M N95: Temida pela necessidade, famosa pela segurança. Acervo pessoal.
3M N95: Temida pela necessidade, famosa pela segurança. Acervo pessoal.

Durante a duas Guerras Mundiais, as máscaras de gás com filtro de ar cumpriram o papel de proteção, principalmente, dos soldados nas frentes de batalha, vulneráveis aos ataques químicos. Entretanto, eram equipamentos grandes e nada confortáveis de usar. O conceito de portabilidade, conforto e confiança evoluiu e em 1972 a 3M, empresa americana de tecnologia, desenvolveu o primeiro respirador descartável do mundo: o N95. Diferente das máscaras tradicionais, o equipamento filtra o ar, retendo diversos agentes danosos em microscópicas camadas de fibra feitas de um plástico especial. Conforme o uso, o espaço vazio entre as fibras vai ficando obstruído com as partículas que estão no ar. Num dado momento, a respiração fica mais difícil e esse é um bom sinal para o usuário de que a validade do respirador está próxima do fim. A fabricante inclusive sugere que o uso contínuo não ultrapasse 8h. Ao longo dos anos, outras epidemias foram surgindo aqui e ali e tais respiradores foram sendo utilizados em muitos locais, além de hospitais e indústrias, como em minas, em fábricas de calçado (onde os profissionais lidam com o substâncias tóxicas) e em cidades com altos níveis de poluição.

Só o tempo dirá se as máscaras de proteção se tornarão artigo permanente em nosso cotidiano (tomara que não!). Enquanto isso, continue a usar a sua. Além de proteger quem amamos e até quem nem conhecemos, estaremos vestindo um objeto cheio de história. ▶



Referências

fastcompany.com e epocanegocios.globo.com

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